Simplex Urbanístico: Como funciona e quais os impactos em Portugal

SIMPLEX

Como funciona o Simplex Urbanístico?

O Simplex Urbanístico é um conjunto de medidas criado pelo Governo português em 2023, formalizado pelo Decreto-Lei n.º 10/2024, com o objetivo de tornar mais simples e rápido todo o processo de autorização para construção ou reabilitação de casas. Esta mudança surge no âmbito do programa “Mais Habitação” e procura resolver os entraves burocráticos que, durante anos, dificultaram a construção de novas habitações em Portugal.

O que muda na prática?

O Simplex Urbanístico trouxe mais de 20 medidas de simplificação. Eis as principais:

  • Fim do alvará de construção: basta pagar as taxas para poder começar a obra.
  • Aprovação automática por falta de resposta: se a câmara não responder dentro dos prazos legais (entre 120 e 200 dias úteis), considera-se que o projeto foi aprovado.
  • Deixa de ser obrigatório apresentar a licença de utilização para vender uma casa: embora os bancos ainda possam exigi-la para conceder crédito.
  • Menos papelada e regras iguais em todo o país: as câmaras não podem pedir documentos fora da lista definida pela lei.
  • Novas regras para interiores das casas: deixa de ser obrigatório ter bidé, banheira ou cozinha fechada.

Normas que ainda não estão em vigor

Algumas medidas previstas no Simplex Urbanístico ainda não estão a ser aplicadas na prática:

– A plataforma eletrónica nacional para processos de urbanismo só será obrigatória a partir de 5 de janeiro de 2026. Até lá, cada câmara pode continuar com os seus próprios sistemas.

– A utilização obrigatória de modelos digitais BIM (Building Information Modeling) em projetos será exigida apenas a partir de 1 de janeiro de 2030.

Estas medidas visam trazer mais transparência, rapidez e modernização ao setor, mas precisam de tempo para serem implementadas de forma eficaz.

Resultados práticos

Apesar de estar em vigor recentemente, o impacto já se nota:

Entre janeiro e outubro de 2024 foram aprovadas mais de 28 mil casas novas, o valor mais alto dos últimos 16 anos (INE).

Em Almada, o número de autorizações de construção e utilização quase duplicou.

Lisboa reduziu o tempo médio de aprovação de projetos de 16 para 13 meses e aprovou mais de 8 mil novas casas entre 2022 e 2024.

Benefícios esperados 

Mais rápido: as câmaras têm prazos fixos e menos burocracia.

Mais barato: menos taxas e menos tempo perdido.

Mais casas a saírem do papel: quem investe pode construir e vender mais depressa.

Melhoria nos serviços: processos digitalizados até 2026.

Críticas e desafios

Menos controlo direto pode levar a erros em obra.

Mais responsabilidade para técnicos e proprietários.

Algumas regras ainda precisam de ser afinadas.

Projetos sem licença formal podem ter dificuldades em obter financiamento.

O Simplex Urbanístico veio mudar como se constrói e legaliza uma casa em Portugal. Torna tudo mais rápido e simples, mas exige mais cuidado de quem está envolvido no processo. Os primeiros resultados são positivos, mas para funcionar bem a longo prazo, será preciso acompanhar, ajustar e garantir que há fiscalização suficiente.

Fontes: Decreto-Lei n.º 10/2024; INE; ECO; Idealista; Ordem dos Arquitetos; CML; Câmara de Almada.