Localização: São Mamede em festa
Área habitável: 2150 m²
Arquitectura: Flávio Lima, José Jesuíta
Tipo: Habitação Geminada
Estado: Projeto de Arquitetura
Cinco casas, um terreno desafiante, e uma visão clara de como a arquitetura pode dialogar com o relevo, a função e a estética.
Implantado num terreno com acentuada inclinação, o Projeto Colina é um exercício de arquitetura inteligente e estratégica. Desenvolvido pela Esquadro, este conjunto de cinco moradias unifamiliares em banda responde a uma realidade urbanística cada vez mais presente: a necessidade de construir em terrenos difíceis sem comprometer conforto, qualidade ou eficiência.
Um desafio topográfico convertido em identidade
A forte inclinação do terreno não foi encarada como obstáculo, mas como oportunidade. Em vez de nivelar ou contrariar a natureza do solo, a Esquadro optou por aproveitar a morfologia existente, garantindo uma implantação funcional, adaptada e harmoniosa. Este princípio orientou toda a proposta desde a organização dos volumes até ao desenho das circulações interiores e exteriores.
Cada moradia desenvolve-se em três pisos: cave (com estacionamento e zonas técnicas), rés-do-chão (zona social) e piso superior (zona íntima). Esta distribuição vertical permitiu maximizar o aproveitamento da área útil, mantendo sempre uma clara separação entre as funções da casa e uma fluidez na vivência.
Coerência formal, singularidade funcional
Embora as cinco moradias sigam um modelo comum, cada uma assume identidade própria. A composição volumétrica revela uma linguagem contemporânea, onde os cheios e vazios, os materiais e os recuos criam ritmo e profundidade à fachada. A unidade de conjunto não anula a individualidade de cada casa, um equilíbrio difícil, mas alcançado.
A moradia de gaveto, situada na extremidade do lote, materializa esta ideia. Beneficiando de duas frentes e maior área de implantação, foi dotada de um espaço exterior mais generoso, com deck e piscina. Este reforço programático foi cuidadosamente integrado, sem comprometer a coerência do conjunto.
Luz, conforto e paisagem
A orientação solar foi outro fator estruturante. Grandes vãos a sul e poente permitem entrada abundante de luz natural, contribuindo para o desempenho energético e conforto térmico das habitações. A escada principal, mais do que um simples elemento funcional, foi posicionada como ponto de valorização: ao subir, revela a paisagem e transforma a circulação num momento de contemplação.
Preparado para a vida real
Com atenção à acessibilidade, todas as unidades foram pensadas com possibilidade de adaptação a pessoas com mobilidade condicionada, garantindo maior inclusão e longevidade de uso.
Os espaços exteriores cumprem uma função dupla: lazer e sustentabilidade. Zonas verdes com espécies autóctones, áreas permeáveis e ligação fluída entre interior e exterior fazem parte da proposta — não como apêndice, mas como extensão natural da habitação.
